A linguagem invisível dos espaços
Os espaços falam…
Curioso como dentro dos espaços de saúde, como são os hospitais, os elementos que nos envolvem evocam tudo menos saúde. Tudo recorda o motivo pelo qual estamos ali. À excepção dos televisores, a única janela para outras realidades, infelizmente muitas delas piores, não existe nada que nos ajude a contactar com outros estímulos que, por uns instantes nos façam evadir e contactar com um outro estado de espirito.
Os espaços falam. E, como tal, o que nos comunicam influenciam a nosso forma de estar, mas sobretudo a forma de sentir o lugar e de como nos comportamos dentro dele.
Os espaços falam. Mas há espaços que gostaríamos que nos falassem de outras coisas, ou que não falassem sempre do mesmo, evidenciando algo que não necessita de ser continuamente exposto, como a nossa debilidade, a nossa fragilidade, a dependência, a incerteza, os medos, a ansiedade, as dúvidas, ..., como é o caso dos hospitais.
Como seriam estes lugares se na parede houvesse um pintura que captasse a nossa atenção e imaginário? Se pudéssemos ouvir uma suave melodia evocada por um piano distendida pelos corredores? Se no quarto pudéssemos tranquilizar o olhar e o pensamento na dança de um aquário?
Nos últimos tempos tenho entrado e saído desta paisagem, como visitante. E, cada vez que saio questiono-me do papel de forças que existe dentro deste lugar. A medicina é fundamental e os médicos e suas equipas desenvolvem um trabalho tremendo, mas e o papel de quem é cuidado? O seu papel, a sua colaboração na recuperação é primordial! Para isso, é fundamental que estes espaços não seja apenas corpo e biologia, mas possam ser também consciência e saúde mental.
Levar a Arte, a beleza ou a suavidade de outras paisagens para dentro destes lugares é fundamental, para que a bioquímica e o bem estar psicológico contribuam e possam somar significativamente ao trabalho magnífico da medicina. A nossa saúde é um todo e, como tal, dentro destes lugares não deveria ser compartimentada.
É fundamental renovarmos os nossos espaços de saúde, os nossos lugares de cuidado, para que possam ser espaços mais completos e que atendam a nossa saúde na sua plenitude.
Porque os espaços falam, os espaços fazem sentir, os espaços sanam!